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15 de outubro de 2014

Patologias dos Backgrounds dos jogadores

Se você é um herdeiro, mas também um órfão abandonado na porta de um templo, local ou indivíduo que vai treiná-lo na classe que você decidiu ser, este texto é para você.

 Para o Narrador (o narrador direcionado a incluí-los na história) o Background serve para direcionar o enredo a um paralelo de suas motivações. Para que sua experiência de jogo seja completa, porque há um abismo entre "inocentes morrendo" e "os últimos sobreviventes da sua vila" sendo massacrados pelos capangas do vilão.

 - 1 - Síndrome do Escolhido.

 Muitos decidem incluir (dependendo do sistema, justificar pontos extras na ficha) vilões o caçando porque uma "profecia" anteviu que o bebê nascido da sua mãe no dia do seu aniversário iria destruir todo o mal do universo... Ou ao menos aqueles caras.
 Mas pense o seguinte: Você está amarrando um evento decisivo da sua formação que definitivamente não está nos planos do Narrador. Ou ele ignora completamente algo que deveria ser a própria formação do seu personagem, ou pior: VOCÊ ignora.
 Pense que o Background é seu passado, não seu futuro. É o motivo que levou você àquela taverna, ou àquela cidade, ou aceitar aquele particular pedido de ajuda.

 - 2 - Síndrome do salvador precoce

 Muito similar à síndrome anterior, o background deste personagem envolve eventos épicos, como ter destruído um grande mal, vencido uma batalha impossível, ou uma outra vitória improvável para seu nível (igualmente, muitas vezes envolve justificar um inimigo ou vantagem na ficha... Mas muitas vezes é só ego mesmo).
 Imagine se o Superman com sua prestigiosa força faz erguer o continente perdido da Atlântida, mas não consegue derrubar uma porta no dungeon do narrador. Ou ele venceu em combate singular os sete campeões épicos do vilão do cenário, mas não dá conta, mesmo com seus quatro companheiros, de um bando de goblins assaltantes.
 Pense sempre que a maior história de sua vida deverá ser vivida na mesa, não escrita no Background. Sua história prévia é uma introdução, um rascunho da formação de seu caráter e sua personalidade. Se você já triunfou sobre o mal (ou o bem) supremo, você estaria desperdiçando sua vida nesta campanha medíocre.
 Não que um grande evento não possa ter em sua história. Mas seja mais sóbrio... Ou mantenha no campo das lendas! (Sim, eu expulsei o general Grotoh de minha vila e... Hen? Não! Ele não era um ogro... Era um kobold!)

 - 3 - Síndrome do Desafeto ao Narrador

 Eu já tive personagens assim.
 Como falei, o Background serve para nortear o mestre na missão, e integrar seu personagem à história. Mas alguns decidem, sabe-se-lá o porquê, confrontar o Narrador.
 Personagens questionadores são interessantes. Terão muito trabalho para se manter vivos, mas pode ser a opção. Mas já vi criaturas cujo objetivo é derrubar o Narrador. E seu Background traz isso. Geralmente disfarçado de "loucura" ou "inocência desmedida".
 Mas já vi quem faz backgrounds o mais "coxinha" possível e inverte tudo na mesa. E a única explicação que posso encontrar é "derrubar" o Narrador. E teve um caso clássico em que o jogador decidiu narrar uma "one shot" para desfazer alguma regra do Narrador (dar algum poder proibido a personagem ou matar NPC que faz parte da campanha). 
 Para estes casos, sugiro ir jogar videogame.

 - 4 - Amnésia Congênita

 Alguns declaram que não sabem de onde vieram e como ficaram tão fortes/sábios/poderosos. Alguns sistemas até abraçam este conceito. Mas ás vezes, por falta de prática ou preguiça, decide pelo homem sem nome e sem passado.
 Por mais que entristeça, é possível tratar este caso em Mesa. Considere, Narrador, que este passado VAI vir à tona. Como você sabe o caminho e o destino pelo qual sua campanha irá se virar, pode aproveitar esta folha em branco para seu próprio proveito.
 Considere as observações das demais síndromes, e lembre o jogador que no momento que ele escolhe "amnésia", está dando Carta branca ao mestre para fazer o que quizer com o passado do jogador.

 - 5 - Dejá-vu alter-midiático

 “Meu personagem veio de um planeta alienígena, foi treinado pelos maiores mestres da Terra, e quando vê a lua, vira um macaco gigante chamado Oozaru”.
 Sempre que aderimos ao RPG, já trazemos uma bagagem cultural. Algo que admiramos ou gostaríamos de ser similar. E às vezes, é possível replicar heróis da ficção, quadrinhos ou mangás no sistema escolhido.
 Eu na verdade até estimulo. Muitas vezes são fórmulas bem-sucedidas. Mas, por favor, não precisa ter o mesmo nome e background deste personagem. E se ele morrer ou mudarmos de campanha, repetir tudo de novo é chato!
 Faça alguma "homenagem", mas dê ao seu personagem individualidade e personalidade. Não precisa ter absolutamente tudo idêntico ao ídolo. Mesmo nas mídias que você acompanham eles mudam de ideias em determinados momentos. Pense nisso como um "elseworld", em que o Personagem se tornará algo parecido com o que é tradicionalmente, mas seguiu um caminho diferente.
 Ah, e o mínimo do mínimo, mude o nome!

 - 6 - Esquisofrenia d'O portal além do Arco-Íris.

 Se seu personagem trombou num portal de outro mundo e caíu neste, e por isso ele não segue as regras da civilização ou nível tecnológico, me parece o mesmo caso do "Aminésia": O Jogador não quer colaborar com o Narrador com background a ser explorado.
 Claro, posso estar errado. Esse evento pode ser razoável em certos cenários, ou o trabalho na realidade anterior embase o narrador para sua tarefa explicando motivações do personagem. Não obstante, assim como nos casos das Síndromes do Escolhido e do Salvador Precoce, não espere que o narrador mude sua campanha planejada para ir a mundos diferentes para alimentar o seu ego.

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