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20 de novembro de 2014

Patologias Comportamentais dos jogadores em mesa



Já tratei AQUI de patologias na gênese do personagem. Agora tratarei de doenças e desvios de conduta que surgem nos personagens já com as sessões em andamento.

O Jogador Narrador

 Tipo de esquizofrenia rara em que o personagem acredita ser o Mestre de Jogos. Especialmente se ele possuir qualquer nível de influência sobre personagens diversos (npcs companheiros, familiares, mestres ou protegidos). Mas pode delirar sobre o próprio universo, declarando que existem coisas que não existam.
 Ha algum tempo, um personagem chegou a "0" pontos de vida, e o sistema permitia ao narrador declarar que aquilo era um atordoamento, a exaustão física total ou inconsciência. Em qualquer dos casos, o personagem estava imobilizado e fora de ação. Antes da decisão, o jogador "decidiu" que estava atordoado, que saiu andando cambaleante (e não ficou no chão imóvel, como deveria ser o sentido da regra), entrou zonzo num churrasco numa casa vizinha (nota: Era um cenário medieval), e os convidados acharam que era um de seus colegas bêbados e curtiram com ele, enquanto o destino do mundo era resolvido num duelo do outro lado dos muros.
 Infelizmente, houve muito menos exageros nesta frase do que eu preferiria.

O Jogador incoerente

 Versão menos grave - mas igualmente danosa - da patologia acima, o personagem torna-se uma bomba-relógio. Entenda: EXISTE personagens "Bombas-relógio" por definição... Com benefícios e penalidades decorrentes deste comportamento. O caso em estudo é uma flagrante tentativa de se aproveitar de um e de outro, ou apenas encher o saco do Narrador.
 Passamos ao exemplo: O personagem nasce como Paladino "leal e bom", com alta humanidade, bondade, honra e respeito. Com isso, recebe naturalmente autorização de príncipes e lordes para ter acesso à Corte. Mas uma vez na mesa, ele decide matar indistintamente, agir como um imbecil, descumprir a palavra dada e tudo o mais. Isso quebra as expectativas do pobre Narrador, e extrapola quando, na cidade vizinha o regente alertado do comportamento do espécime em estudo, nega-lhe quaisquer privilégios, e o narrador tem de ouvir: "Mas Mestre... ele é um paladino! Ele deveria ser paparicado como tal!".
 Isso segue para o próximo exemplar:

O Savático da conveniência.

 Nem sempre o Narrador é o melhor conhecedor do sistema na mesa. Eu mesmo conheço brilhantes montadores de ficha que eu só aceito jogar ao seu lado se meu personagem for pelo menos 2 níveis de personagem acima dele.
 Esta não é a questão. O Narrador onipotente pode controlar o nível de ameaça, caso ache que os monstros ou desafios indicados para o nível dos jogadores não esteja bastando.
 O Savático ou Matemático da Conveniência é um profundo estudante das regras de seu personagem, seja a classe, seja a raça, combinações de raças e classes, e até mesmo uma única manobra específica. Ele memoriza com exaustão a regra a ser explorada e extrapolada tal qual um físico teórico estuda um buraco negro, e está sempre pronto para interromper o narrador se sua programação for ameaçada por coisinhas como "Resultado de dados", "conveniência da história", "Ordem do Narrador", E ETC.
 O aspecto "conveniência" da patologia é porque a maioria dos sistemas buscam equilíbrio, e exigem pontos positivos e negativos de igual monta... Mas os défices são "convenientemente" ignorados ou arredondados ao zero quando esquecidos pelo Narrador. Dane-se o pré-requisito, penalidades de acerto ou dano, ou se há limites de uso diário. Se não é uma regra favorável, "eu não sou obrigado a reportar".
 Parta do princípio do equilíbrio se um paciente irromper com um "bônus omitido": Se existir penalidades esquecidas do mestre que são negligenciados pelo jogador, não hesite em dizer "não". Mesmo que o paciente mostre a declaração textual do livro de regras daquele evento específico. É muito provável que uma ação anule outra que ele não teve tanta presteza em demonstrar.

O Narcoléptico

 Também conhecido como "Personagem de corpo presente", este personagem é quase um NPC. O narrador deduz que ele caminha com os companheiros, mas ele fica alheio à explanação, não toma iniciativas, chegando ao cúmulo dos outros jogadores tomarem decisões por ele. "O Ladrão! Ande para a esquerda, aí eu vou poder flanquear o Goblin" e "eu fico no corredor. O ladrão vai destrancar a porta. E quando ele conseguir, eu tomo a dianteira e a gente segue na masmorra".
 Existe uma possibilidade de ser culpa do Narrador (o que se confirma se a situação for endêmica na mesa), mas normalmente é um novato ainda receoso sobre até que ponto pode ir com o personagem, ou alguém que realmente não está envolvido no passatempo, estando lá apenas pelo companheirismo. Ambas as situações louváveis... Mas um estudo direcionado ao desenvolvimento do personagem (e do jogador) é melhor do que meramente empurrar o personagem para onde ele seria mais convenientemente aproveitado.

O #Vidaloka

 Preocupe-se se o seu jogador já chegar com duas ou mais fichas e já adiantar "é para quando meu chars morrer".
 Na mesa de jogos, a mortalidade é um aspecto dramático. Claro, deve ficar restrito à mesa, e naqueles momentos da sessão, mas a princípio todos os participantes devem temer a morte e suas consequências. Mesmo aqueles que são por naturezas prontos ao sacrifício.
 O #Vidaloka (Leia-se: Hast Tag Vida Lô-k) extrapola um pouco no quesito "diversão". Toma atitudes conscientemente imbecis que arriscam a si mesmo - e aos seus companheiros - sem a necessidade. Quase que sempre na intensão de "aparecer" e conseguir rizadas.
 Normalmente um pouco da personalidade "engraçaralho" transcende do personagem ao Jogador, tornando-o um cara de convívio e aos olhos dos outros inofensivo. Logo, muitas vezes o narrador erra e confronta o jogador, tornando-o malquisto na mesa.
 Deve o maestro dos dados estudar muito bem caso-a-caso, verificar se o grupo concorda com sua opinião quanto ao espécime, e agir rápido se achar que a mazela ameaça se espalhar pelo resto do grupo.
 Ou então, jogar TOON ou PARANÓIA.