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11 de agosto de 2025

Protagonistas, antagonistas ou angustias?


"Deixe os jogadores matarem o dragão, droga!"



Você já viu essa cena. Talvez até tenha narrado.

A música sobe, a tensão está no ar, o mundo inteiro à beira do colapso.

Os jogadores, nossos queridos protagonistas, finalmente chegaram ao clímax da campanha…

…e descobrem que o verdadeiro combate final é NPC fodão contra NPC fodão, enquanto eles ficam chutando goblins genéricos no canto e, com sorte, apertando um botão para “desligar os droids do mal”.


Parabéns! Você transformou a campanha deles num filme que eles só assistem. E pior: um filme que você mesmo escreveu, dirigiu e estrelou.


Se, na sua cabeça, é impossível os PJs — mesmo no nível X que você planejou para o final — matarem um deus…

ENTÃO NÃO FAÇA O BBEG UM DEUS!

Não invente desculpa metafísica. Não diga que “eles não entenderiam a magnitude”.

Se eles não podem vencer o vilão, então ele não deveria ser o vilão final da campanha deles.


Porque aqui vai a verdade dura e sarcástica:


> “Se os PJs não são quem mata o chefão, eles não são os heróis da história. São coadjuvantes de luxo no seu fanfic.”




E se o plano é "eles distraem as tropas enquanto os NPCs resolvem de verdade"… saiba que você não está narrando um TTRPG. Você está narrando um cutscene com participação especial.


Quer usar um deus? Um semideus? Um ser cósmico inconcebível? Beleza! Mas crie o clímax em que os PJs possam, de fato, derrubar o desgraçado. Escale o combate, invente mecânicas, enfraqueça o monstro por causa de ações prévias do grupo, invente qualquer coisa! Só não tire deles o direito de ser quem dá o golpe final.


Porque no fim das contas, o que o jogador vai lembrar não é da sua lore perfeita ou do discurso épico do NPC que salvou o mundo.

O que ele vai lembrar é o momento em que ele, não o seu bonequinho favorito, matou o vilão.



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Disclaimer honesto (e doloroso)


Eu falo isso com veemência, mas não com inocência.

Já fui mestre e jogador em fases de maturidade variadas.

Já cometi exatamente o erro que estou detonando aqui.

E dói perceber como campanhas que começaram épicas, que poderiam ser lembradas como lendas, morreram no final como meras power fantasies autoindulgentes que eu inventei para mim mesmo.

Não digo que nunca voltaria a fazer — porque a tentação é real — mas prometo me vigiar.

Porque agora eu sei: heróis que não derrotam o vilão final não são heróis.



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